- 22.04.25
- Otávio Albuquerque
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Soluções baseadas na natureza: o conceito que pode salvar as cidades
A vida nas grandes cidades ficou mais complicada. Calor sufocante, enchentes surpresa, ar cada vez mais irrespirável. Tem gente já pensando para onde fugir. E aí entra em cena um conceito capaz de virar o jogo: soluções baseadas na natureza — ou NbS (nature-based solutions), para quem for fã das siglas em inglês. Em vez de apostar só em concreto e cimento, as cidades estão abraçando o que a natureza sempre soube fazer, adaptando árvores, parques, jardins de chuva e até telhados verdes para deixar o dia a dia mais suportável.
Esse conceito ganhou força com organizações como a IUCN, que define as NbS como ações para proteger, restaurar e manejar ecossistemas visando resolver desafios sociais. Ou seja, não é plantar uma árvore ali e pronto, mas turbinar o jeito de construir e pensar a cidade. Quem já está anos-luz à frente nisso é Singapura. No meio de prédios por todos os lados, o país criou o Green Towns Program, misturando natureza até nos blocos residenciais, e também o ABC Waters, que transformou canais e lagos em áreas agradáveis, funcionais e cheias de vida.

Na prática: os impactos reais das soluções baseadas na natureza nas cidades
Quais são os ganhos dessas soluções? Primeiro, elas combatem as ilhas de calor urbanas — afinal, nada melhor que sombra de árvore para refrescar um bairro inteiro. Árvores filtram poluição, jardins de chuva seguram a enxurrada, telhados verdes reduzem a necessidade de ar-condicionado. Cidades que investem nisso conseguem gerenciar chuvas intensas sem tanto prejuízo e até criam habitats para animais que antes não tinham onde viver.
Importante destacar: não se trata só de meio ambiente. Tem também a ver com justiça social. A WWF tem chamado atenção para o lado humano dessas soluções. Parques e áreas verdes bem distribuídos significam lazer para todos, e menos impacto sobre as comunidades mais vulneráveis, que costumam ser as primeiras afetadas por desastres climáticos e más condições ambientais.
Quem pensa que são só exemplos distantes está enganado. Cidades brasileiras já viram como a restauração de várzeas ajuda a conter enchentes, e há projetos de jardins filtrantes e corredores verdes surgindo em metrópoles como São Paulo, Recife e Curitiba. Quando bem aplicadas, essas práticas conservam biodiversidade, melhoram a qualidade da água e dão um respiro ao planejamento urbano tradicional.
É claro, não basta copiar modelos prontos sem adaptar à realidade local. Ecossistemas urbanos são complexos, nada de receita de bolo. Mas o recado está cada vez mais claro para urbanistas, prefeituras e população: investir em soluções baseadas na natureza não é aposta de moda verde — é necessidade urgente para garantir cidades habitáveis num cenário de mudanças climáticas, desastres naturais e desigualdades crescentes.
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