Mundial de Vôlei 2025: Gabi conduz Brasil a bronze em jogo épico contra o Japão

Mundial de Vôlei 2025: Gabi conduz Brasil a bronze em jogo épico contra o Japão

Bronze no braço de Gabi e um bloqueio que vale medalha

Num dia que já era simbólico para qualquer atleta brasileiro, a seleção feminina pegou o Japão pela mão, aguentou a maratona de cinco sets e saiu do Huamark Indoor Stadium, em Bangcoc, com o bronze do Mundial de Vôlei 2025. Placar: 3 a 2, parciais de 25-12, 25-17, 19-25, 27-29 e 18-16. Teve virada, match points salvos e a cena que fica: a central Julia subindo no bloqueio para fechar o tie-break.

A protagonista? Gabi, capitã e termômetro do time. Ela somou 35 pontos, com 33 ataques convertidos, e manteve a mão quente nos momentos de maior pressão. No quinto set, quando o Japão arrancou dois match points, a ponteira respondeu com agressividade no ataque de entrada e frieza no saque, empurrando o Brasil de volta para o jogo até o bloqueio final.

O roteiro começou com domínio total. O Brasil venceu os dois primeiros sets com folga, defendendo bem, servindo com direção e acelerando a bola na ponta para desmontar a cobertura japonesa. Depois, veio a resposta do Japão: ajuste no passe, ritmo mais veloz nas extremidades e rallys longos que desgastaram a linha de defesa brasileira. O 27-29 no quarto set mostrou que ninguém entregaria nada de graça.

No tie-break, o equilíbrio foi a regra. A levantadora brasileira variou mais com as centrais para travar o bloqueio japonês no meio, e a estratégia abriu espaço para Gabi e a saída. Do outro lado, a leitura de jogo do Japão manteve a bola viva com defesas intermináveis e ataques em diagonal curta. A diferença apareceu no detalhe: na hora de decidir, o Brasil errou menos e impôs o bloqueio.

O que fica: números, contexto e próximos passos

Os números contam a história por um ângulo interessante. O Japão marcou mais pontos de ataque (75 a 68), mas o Brasil dominou o bloqueio (15 a 6) e cometeu metade dos erros (13 contra 26). No saque, empate técnico: cinco aces para cada lado. Em jogos apertados, a conta fecha na eficiência: o Brasil protegeu melhor a virada de bola e administrou as trocas de saque no fim.

Do lado japonês, Yoshino Sato foi um problema o tempo todo: 34 pontos, com 29 ataques, 3 aces e 2 bloqueios. Mayu Ishikawa veio logo atrás, com 23 pontos, toda a partir do ataque, mantendo o Japão vivo em sequências decisivas. Yukiko Wada completou a artilharia com 13 pontos. A execução ofensiva funcionou, mas o volume de erros em momentos-chave cobrou a fatura.

Para o Brasil, o bronze pesa mais do que a cor sugere. É a sexta medalha verde-amarela em 18 participações no Mundial: quatro pratas (1994, 2006, 2010, 2022) e agora dois bronzes (2014 e 2025). E veio um dia depois da queda na semifinal, em outro 3 a 2 contra a Itália, atual campeã olímpica — prova de fôlego físico e mental num calendário que não dá respiro. A resposta competitiva depois da frustração vale tanto quanto o troféu.

O contexto tático também traz lições. Contra a escola japonesa, que acelera a bola e aposta em defesa incansável, o Brasil precisou de paciência. O plano passou por: 1) serviço direcionado para quebrar a primeira bola; 2) bloqueio bem posicionado, com leitura de tempo nas extremidades; 3) ataque disciplinado, evitando forçar em bola baixa. Quando o time seguiu esse trilho, abriu as parciais iniciais e segurou o fim do tie-break.

A levantadora brasileira fez escolhas simples e eficientes: acionou a ponteira em melhores encaixes, preservou a velocidade no meio para segurar o bloqueio e buscou o fundo de quadra quando a rede travou. As centrais, mesmo sem números estrondosos no ataque, foram decisivas ao fechar espaço no bloqueio e ao tocar bolas que viraram contra-ataque. A linha de passe oscilou no meio do jogo, mas se recompôs na reta final.

Há também o peso simbólico. Vencer no 7 de Setembro mexe com o vestiário e com a torcida, ainda mais depois de uma semifinal dolorida. O grupo falou internamente sobre “fechar bem” o ciclo do torneio e levou isso à quadra com energia — do banco às titulares. A imagem do banco vibrando em cada defesa no tie-break explica um time mais inteiro na reta final.

E o que vem agora? A medalha soma pontos importantes no ranking mundial, influencia os cruzamentos da próxima temporada e dá confiança para a base que está ganhando minutagem. Em um circuito que exige constância entre Liga das Nações, continentais e grandes campeonatos, estar no pódio mantém o Brasil onde precisa estar: entre as candidatas a título em qualquer ginásio do mundo.

Do outro lado, o Japão reforça que é adversário indigesto para qualquer potência. A velocidade de jogo está no topo do circuito e a defesa continua a melhor vitrine do time. Ajustando a decisão do primeiro toque e reduzindo erros não forçados, briga por medalhas em qualquer competição grande.

Em Bangcoc, a final ficou para Itália e Turquia. Para o Brasil, a história do dia foi outra: controle emocional, bloqueio afiado e a capitã decidindo como as grandes. Em jogos que vão à unha, pequenas escolhas definem campeões. Desta vez, a escolha certa foi a mais simples: confiar no que o time faz de melhor e deixar o resto com a bola pesada de Gabi.

  • Placar: Brasil 3–2 Japão (25-12, 25-17, 19-25, 27-29, 18-16)
  • Destaque do Brasil: Gabi, 35 pontos (33 em ataques)
  • Destaque do Japão: Yoshino Sato, 34 pontos (29 ataques, 3 aces, 2 bloqueios)
  • Bloqueios: Brasil 15 x 6 Japão
  • Erros: Brasil 13 x 26 Japão
  • Aces: 5 x 5
  • Local: Huamark Indoor Stadium, Bangcoc (Tailândia)

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